Aula 9
Introdução à Mecânica Quântica
1. A equação de Schrödinger
Nas
seções anteriores mostramos a necessidade de se construir uma nova mecânica
para os sistemas atômicos e moleculares, para os quais a teoria de Newton ou
mecânica Newtoniana não se aplicava. Devido a fatos tais como, a quantização da
radiação emitida por um corpo negro, a quantização do átomo de Bohr, a
dualidade onda corpúsculo tanto para a luz quanto para o elétron, assim como o
princípio da incerteza de Heizenberg a nova mecânica deveria ter uma formulação
compatível com estes fatos. A primeira formulação para esta nova teoria foi
proposta pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1926. De acordo com
Schrödinger devido a dualidade onda-corpúsculo da matéria, mesmo que uma
partícula se mova em uma trajetória definida ela estará distribuída em todo o
espaço como uma onda. Neste sentido, uma onda na nova mecânica (mecânica
quântica) equivaleria ao conceito de trajetória na mecânica clássica e seria
representada por uma função denominada função de onda, y (psi).
Nesta mesma
época Schrödinger propôs uma equação diferencial, nas coordenadas espaciais e
no tempo cuja solução era a função de onda. Esta equação ficou conhecida como
equação de Schrödinger, que para uma partícula de massa m se movendo em uma
dimensão e sob a ação de um potencial V(x) tem a seguinte forma;
(1)
Leia aqui o artigo original de Schrödinger.
No caso de
um movimento tri-dimensional tem-se que;
(2)
ou
(3)
onde o operador diferencial é denominado por Laplaciano.
Se o movimento da partícula é dependente do tempo a equação de Schrödinger assume a forma;
(4)
ou de forma simplificada,
(5)
O operador H é denominado de operador Hamiltoniano. Observe,
na equação de Schrödinger, que a energia (uma observável física) é
representada por um operador diferencial.
2. Soluções da Equação de Schrödinger
Vimos que a equação de Schrödinger é uma equação diferencial cuja solução é uma função de onda. No caso de uma partícula de massa m se movendo em uma dimensão e sobre a ação de um potencial constante (V) a equação de Schrödinger tem a forma;
(6)
Sendo o potencial constante uma possível solução para esta equação, a qual pode ser obtida por diferentes métodos dentro da teoria das equações diferenciais, é da forma, ;
(7)
onde i é um número complexo imaginário. Vemos com isto que a solução
da equação de Schrödinger é uma função de onda complexa. Como y é uma função complexa
(imaginária) ela não deve ter significado físico e, portanto não pode ser medida
Pode-se mostrar que existem outras soluções mais gerais para a equação de Schrödinger acima. Uma dessas soluções é a função formada por combinações lineares de funções complexas;
(8)
Esta equação é uma combinação linear de duas ondas planas que se propagam em uma dimensão nas direções +x e –x. A e B são constantes representando as amplitudes de cada uma das ondas.
Para verificar se realmente esta função (eq.8) é solução da equação de onda, vamos aplicá-la na equação de Schrödinger para resolver o problema de uma partícula livre, e com isto calcular a energia total do sistema. Se a função de onda y é expressa como uma combinação linear de ondas planas como a seguir,
,
pode-se determinar a energia do sistema resolvendo a equação de Schrödinger, isto é,
(9)
Caso de uma Partícula Livre
No caso de uma partícula livre temos que o operador energia, ou operador Hamiltoniano é descrito pela derivada segunda da função onda em relação à coordenada x,
(10)
Neste caso V(x) = 0, já que a partícula é livre e, portanto ela não está sobre a ação de qualquer tipo de potencial externo. Substituindo a equação (8) em (10) temos que;
(11)
e
Substituindo estes dois resultados na equação (7) temos que,
(12)
reordenando o lado direito da equação acima, temos que;
(13)
que pode ser rescrita por,
A equação (13) é exatamente igual a equação (10), mostrando assim que a função
de onda (eq. 8) é uma autofunção do
operador Hamiltoniano para uma partícula livre, cujo valor da energia é igual
a;
(14)
onde k é o número de ondas.
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